segunda-feira, 11 de abril de 2011

A TENTAÇÃO DE AGIR SEM AMOR

A Tradição da Igreja afirma que Judas Iscariotes era um zelota. Os zelotas eram guerrilheiros israelitas que lutavam contra o domínio romano. Eram nacionalistas ferrenhos e desejavam um Israel forte e livre dos seus opressores. Ele foi um dos escolhidos para andar com Jesus (cf. Mt 10,4). Ele, como os outros apóstolos, foi enviado em missão de ir à frente de Jesus pelas aldeias e povoados anunciando a presença do Reino do Deus (cf. Mt 10,5). Portanto, Judas conhecia Jesus e Seu poder.

Apesar de conhecer o Senhor, ele não agia com amor. Embora andasse com Jesus Nazareno não possuía os mesmos interesses e agia com desonestidade. Verificamos na passagem bíblica o "Jantar em Betânia" (cf. Jo 12,1-11), na ocasião em que Maria derrama um frasco de um perfume caro nos pés do Senhor, que aquilo que passava pelo coração do apóstolo [Judas] era bem diferente de amor: "Mas Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, aquele que o havia de trair disse: 'Por que não se vendeu este bálsamo por trezentos denários e não se deu aos pobres?' Dizia isto não porque se interessasse pelos pobres, mas porque era ladrão e, tendo a bolsa, furtava o que nela lançavam" (ver. 4 a 8).
Jesus conhecia Judas, sabia que ele o haveria de trair e, mesmo assim, agiu com amor para com ele. Lavou-lhe os pés (cf. Jo 13), deu-lhe chance de regenerar-se (cf. Jo 13,28-30), até se deixou ser beijado por ele (cf. Mt 26,49-50). Porém, Judas vendeu Jesus, vendeu também sua fé, pelo preço de trinta moedas, o preço de um escravo.

Logo que Cristo é preso, Judas arrepende-se, é tomado de remorsos (cf. Mt 24,1-10), tenta devolver a quantia, tenta voltar atrás no seu gesto traidor, mas tudo já estava consumado, Jesus já iria ser condenado. O apóstolo esperava que o Senhor fosse o libertador de Israel das mãos opressoras dos romanos. Esperava que seu Mestre fosse governar Israel, mas quando o Senhor falou de Sua Morte e Ressurreição, ele decepcionou-se, deixou-se levar pelo dinheiro e renegou sua fé. Judas não confiou no perdão divino. O perdão que Jesus deu a Pedro foi de uma falta semelhante à traição de Judas, só que o primeiro apóstolo [Pedro] buscou a misericórdia de Deus e o segundo [Judas] achou que seu pecado era maior que o amor do Messias. Judas já havia agido tanto sem amor e movido pela cobiça de tal maneira que não mais confiava no amor, não acreditava no amor, não agia no amor. Esse foi o grande erro dele: não agir nem confiar no amor.

O que deve mover o músico a prestar o serviço a Deus deve ser o amor. É necessário todos os dias que ele se questione: "O que está me movendo é realmente o amor? Tenho agido com honestidade para com Deus?"

A tentação em que Judas caiu foi a de não andar no amor. É uma tentação muito grande também para quem ministra a música. Devemos entregar a Deus todas as nossas decepções com as pessoas. Devemos até confessar se estamos decepcionados com as demoras do Altíssimo. Não podemos disfarçar o que há dentro de nós, temos de ser sinceros para com o Senhor.


(Trecho extraído do livro: "Formação espiritual de evangelizadores na música" de Roberto A. Tannus e Neusa A. de O.Tannus).

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